segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A expansão e o dilema da Mãe Terra
Após dobrar de tamanho três vezes nos últimos cinco anos, fabricante de alimentos que leva a sustentabilidade realmente a sério tem o desafio de manter a essência da empresa

     Os dois irmãos que fundaram um pequeno restaurante natural e uma loja para comercializar alimentos naturais e orgânicos, em 1979, não sabiam que estavam dando início a um dos grandes casos de empresas que conduzem seus negócios a partir de uma visão sustentável. Com o passar dos anos, a pequena loja cresceu, o restaurante fechou e deu-se origem a empresa Mãe Terra, uma fabricante de alimentos que promove novas propostas de alimentação e hoje já briga com marcas multinacionais que investem milhões por ano em comunicação. Na última segunda-feira, o Blog ACCM ESPM conferiu a palestra do Luigi Bavaresco, Gestor de Marketing e Trade da Mãe Terra. O executivo italiano, além de apresentar a história e a trajetória da empresa, revelou o grande desafio e a ótima oportunidade que a Mãe Terra terá pela frente.

            A Mãe Terra surgiu na época em que os primeiros questionamentos sobre os padrões socioeconômico e de consumo começaram a emergir. O conceito de sustentabilidade apareceu na década de 70, período em que a Green Revolution, o vegetarianismo e o veganismo criticavam fortemente a indústria da alimentação e o modelo de crescimento das empresas. Pela primeira vez a sociedade enxergava a relação insustentável entre os recursos finitos e o crescimento contínuo e foi em meio a esse movimento que a Mãe Terra trouxe uma nova visão de produção e consumo alimentar, atrelada à qualidade de vida e ao crescimento sustentável. Luigi gosta de reforçar o lema da empresa, uma espécie de provocação muito pertinente: “O que você alimenta com o que você se alimenta?”.


O lema reflete sobre o impacto social e as consequências que as cadeias de produção e distribuição de alimentos causam no nosso cotidiano. Com a crescente tendência de produtos saudáveis a partir dos anos 2000, período em que as grandes multinacionais começaram a agregar apelos sustentáveis em seus produtos – muitas vezes de forma estritamente persuasiva – a Mãe Terra traçou seus 7 princípios. Por ser uma empresa que surgiu sob o conceito de sustentabilidade e sempre prezou pela essência de seu negócio, Luigi conta que foi necessário estabelecer uma espécie de manifesto que evidenciasse o diferencial da marca Mãe Terra. Buscando sempre agregar valor a seus clientes, a ideia é criar produtos de qualidade, os mais naturais possíveis (à base integral), não utilizando nenhum ingrediente que possa fazer mal aos consumidores e, acima de tudo, saborosos. A marca quer fazer com que o consumidor conheça melhor a categoria por meio de produtos mais atrativos "gastronomicamente", apresentando novas opções gostosas e saudáveis ao mesmo tempo.

Conheça os 7 Princípios da Mãe Terra:



Para aumentar o sucesso, foi iniciado em 2008 um projeto de expansão da marca, que começou pelo reposicionamento do logo, que se tornou mais moderno e dinâmico. A marca percebeu que sua comunicação inteira era quase inexistente, muito funcional e sem elementos emocionais ou explicativos, por isso atingia apenas um público já engajado com a causa. Então, o primeiro passo foi deixar a marca mais acessível para atingir um público maior, por meio de outro posicionamento. Para a marca, alimentar-se é também algo aspiracional, pois ser saudável é uma aspiração de todos. Esse foi o principal conceito explorado pela Mãe terra, que desde então busca educar a alimentação de seus consumidores. As embalagens passaram a explorar a dinamicidade urbana, comunicar os benefícios dos produtos e sugerir hábitos mais saudáveis, educando assim os consumidores. No meio digital, a marca mudou seu site, antigamente estático, não atrativo e sem nenhuma comunicação sobre benefícios, para um site moderno e convidativo, menos funcional e mais emocional. A marca também está presente nas redes sociais.

                     Instagram @mãeterraoficial
A empresa cresceu significativamente, dobrou de tamanho três vezes em apenas cinco anos e passou, então, a competir com algumas gigantes. Uma das conquistas mais recentes foi ampliação da distribuição para o Brasil inteiro, por meio de contratos com grandes redes varejistas. Quanto aos produtos, a Mãe Terra expandiu seu portfolio para categorias nas quais produtos naturais eram inexistentes ou fracos: criou o primeiro macarrão instantâneo orgânico, salgadinhos naturais, primeira sopa instantânea 100% natural, além de investir em um mix de frutas e castanhas. Por fim, a Mãe Terra criou um projeto de sustentabilidade, o Pensando Bem, em parceria com uma consultoria de gestão ambiental, para rastrear sua cadeia de consumo e diminuir cada vez mais sua pegada ecológica, tornando-se uma emrpesa cada vez melhor para o meio ambiente.
Agora, revela Luigi Bavaresco, a Mãe Terra enfrenta um grande desafio decorrente dessa expansão acelerada, mas também está diante de uma excelente oportunidade. Como manter a essência de uma empresa familiar realmente sustentável e continuar crescendo e roubando mercado de marcas que realizam grandes investimentos em marketing e comunicação? A resposta estaria na mudança de consciência por parte dos consumidores que até agora não incorporam o conceito de sustentabilidade no seu dia a dia. Luigi comenta que a chave para o crescimento da Mãe Terra sob o modelo sustentável na qual a empresa acredita, sem desprender-se da essência criada há mais de 30 anos, é fazer com com que a sustentabilidade se torne um fator aspiracional para as pessoas. Mas, afinal, como fazer isso?





 Por #ManoMuleque:
Felipe Souza
Gabriel Abrucio
Luís Siciliano
Pedro Adati
Rodrigo Ary
CSO 6C
               


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