Na última segunda feira (26/8/13), recebemos em sala de aula o palestrante Thiago Magalhães, consultor de insights do IBOPE Media, que há 4 anos trabalha com mídias sociais e estuda as suas relações com diversas outras mídias. Thiago falou sobre a pesquisa intitulada “O Jovem Digital”, feita pelo IBOPE em parceria com o youPIX, plataforma de conteúdo que celebra e discute a “Cultura da Internet”. Essa pesquisa tem como foco o jovem digital brasileiro que tem entre 18 e 25 anos, as suas principais características e os seus hábitos de consumo.
IBOPE MEDIA
O palestrante apresentou brevemente o IBOPE, que funciona
atualmente como uma das maiores organizações de pesquisa do mundo. O estudo apresentado
por Thiago foi realizado pelo IBOPE Media, uma das unidades de negócio do
instituto, que é responsável por abastecer o mercado com pesquisas sobre o
comportamento de consumo de todos os meios, com vasta atuação na América Latina,
marcando presença em 15 países.
YOUPIX
O youPix nasceu em 2006 como uma revista impressa que tinha como
principal assunto a internet e as suas novidades. A plataforma evoluiu de tal
maneira que, em 2009, transformou-se em um evento, o youPIX Festival,
considerada o maior festival de cultura de internet do Brasil. Além da revista
e do evento, a plataforma conta ainda com três premiações distintas e um site,
que é avaliado como um hub de tudo que acontece de importante na internet brasileira.
A parceria do IBOPE Media com o youPIX é parte do projeto youPIXTank, que começou este ano e tem como principal objetivo pesquisar o
comportamento do jovem digital brasileiro, por meio de estudos regulares sobre
o consumo de mídia, convergência e simultaneidade, hábitos e atitudes desse
público.
A
PESQUISA
Tendo em vista que a temática de estudo da pesquisa está
vinculado ao ambiente digital, Thiago fez algumas considerações a respeito do
papel dos meios digitais e de como o IBOPE percebe a sua importância. O
palestrante afirmou que o instituto tem consciência da relevância dos meios
digitais para os estudos midiáticos da atualidade e que entende a importância
da internet e as mudanças trazidas por ela como uma nova maneira de consumo. Em
suas palavras, “a internet não veio derrubar nada, ela veio agregar”.
Para essa pesquisa, a coleta de dados foi feita pelo IBOPE Media
usando a metodologia Target Group Index -levantamento que permite mensurar o
consumo de produtos, serviços e mídia, estilo de vida e características
sociodemográficas de um determinado universo.
O QUE É SER JOVEM?
O ponto de partida para esta pesquisa deu-se com um
questionamento básico: “O que é ser jovem?”.
Antes mesmo de entender o jovem digital, é importante compreender o que
é ser jovem na contemporaneidade. Como pode ser classificado o jovem dos dias
de hoje? Um conceito extremamente amplo que pode gerar inúmeras interpretações.
Esta pergunta básica foi feita aos jovens a fim de descobrir o que isso
significa sob a ótica deles mesmos. Entre as respostas mais apresentadas na
pesquisa estão: “Ter liberdade de se expressar”, “Ser bem informado”, “Não ter
medo de errar” e “Saber se divertir”.
Para melhor ilustrar o que os pesquisadores encontraram como um
retrato do jovem de hoje, foi apresentada uma animação muito interessante,
feita por uma agência de comunicação francesa sobre a Geração Y. O vídeo coloca
de maneira divertida as principais características dessa geração de jovens
entre 15 e 30 anos, que já nasceu no mundo conectado – este seria o denominador
comum desta geração.
EM NÚMEROS
No Brasil, cerca 17% da população das principais regiões
metropolitanas têm entre 18 e 25 anos, o que representa o número absoluto de 12
milhões de brasileiros. Em termos socioeconômicos, mais da metade desses jovens
(53%) são da classe C, enquanto 36% são das classes AB e 11% estão nas classes
DE. Olhando para o cenário em que 90% destes jovens vivem em lares que têm até
3 pessoas contribuindo financeiramente (sendo que 54% ainda vivem com os pais e
apenas 5% moram sozinhos) é possível inferir que a independência financeira não
é atingida rapidamente pelo jovem brasileiro.
Entretanto, somado a esse fato, há também uma questão cultural
muito forte, que contribui para a permanência dos jovens na casa dos pais. No
Brasil, tanto os jovens quanto os seus pais demonstram maior dificuldade com
este distanciamento físico imposto pela vida adulta. Os jovens saem cada vez
mais tarde da casa de seus pais, seja por conforto, medo da solidão ou até
mesmo pela própria questão financeira – a chamada geração canguru quer aumentar
a sua renda para ter um padrão de vida mais elevado, dando prioridade a carro,
casa e eletrônicos de última geração.
Esses jovens são sim economicamente ativos, sendo que 62% do
grupo estudado já trabalha - 90% em
horário integral e 36% trabalham e estudam ao mesmo tempo. As responsabilidades
também são atribuídas a eles, tendo em vista que 23% já são chefes de família,
19% são pais, tutores ou responsáveis por alguém, e 35% são os compradores
principais de seus domicílios.
A pesquisa mostrou também que, enquanto 67% desses jovens
adultos têm vontade de viajar e conhecer lugares desconhecidos, 69% ainda veem
a sua casa como o melhor lugar do mundo. Segundo Thiago, caso a pergunta fosse
sobre o “seu quarto como o melhor lugar do mundo”, essa estatística com certeza
cresceria ainda mais, visto que a companhia influenciaria muito na resposta –
muitos deles moram com irmãos mais novos ou da mesma idade, e estando em seus
quartos, as dificuldades de convivência são suprimidas . A escolaridade deste
grupo é bastante diferenciada: 16% estudaram até o fundamental, 16% têm o
ensino médio incompleto contra 34% que completaram, 26% têm o ensino superior
incompleto e apenas 6% já completaram a faculdade.
HÁBITOS DE CONSUMO
De acordo com os levantamentos da pesquisa, o jovem digital brasileiro é um consumidor multi-canal, que consome e faz uso de diversos meios ao mesmo tempo : internet, TV, rádio, jornal, etc. Em outras palavras, os meios parecem ter o mesmo peso, a mesma importância para esse jovem, que divide a sua atenção entre todos eles, tornando os ambientes on, off e global já muito semelhantes e sem diferenças percebidas por eles. No âmbito midiático, é discutido um termo para esta nova era da mídia – o “tradigital”, que nada mais é do que consumir o meio em sua forma tradicional e também digitalmente. O jovem não diferencia o ON do OFF e então ele consome todos esses meios (ex: lê o jornal tradicional e também o jornal digital).
Outra característica que marca o comportamento desse jovem é a
vontade de fazer parte - ele é diferente do velho consumidor, que buscava
conveniência, era sincronizado, menos envolvido, conformista e menos informado.
O novo consumidor busca autenticidade, é individualista, envolvido,
independente, bem informado. Ele quer participar da mercadoria, ele quer estar
envolvido (ex: dar likes no Facebook, opinar sobre o produto). Nesse sentido,
os meios digitais são essenciais para esse jovem, que agora tem mais poder. Com
a informação, a possibilidade de comparação, com poder de compra maior (61% fez
compras pessoais no último mês), possibilidade de interação, geração de
conteúdo e sabendo o valor de suas opiniões nas redes sociais, o jovem torna-se
mais exigente e carrega consigo todas as características citadas acima.
Além disso, no processo de tomada de decisão de compra desse
jovem, experiência e relacionamento são fundamentais. Para alguns segmentos do
mercado, alguns pontos em específico são extremamente relevantes – a opinião de
terceiros, em blogs, sites de opinião sobre empresas e correlatos são muito
buscados pelos jovens no momento de comprar certos produtos como eletrônicos,
produtos para carros, etc. Essa pesquisa prévia também foi bastante alterada em
função da conectividade – há informação disponível o tempo todo. A opinião dos
amigos e da família, bem como experiências anteriores com a marca e o
engajamento desse consumidor com a marca são determinantes. Os novos pontos de
contato nos meios digitais trazem mudanças significativas na comunicação com o
consumidor, na possibilidade de interação e na conseqüente experiência com a
marca.
Olhando para o comportamento do jovem digital brasileiro em
relação ao meio ambiente, é possível perceber que ainda não existe a
mentalidade instaurada do consumo consciente. Em termos estatísticos, os jovens
demonstram ainda uma preocupação maior com eles mesmos que o resto da
população. Como exemplo, 88% acham que reciclar é um dever de todos -contra 89%
da população- e apenas 51% estão dispostos a mudar seu estilo de vida.
INFORMAÇÃO E MÍDIAS SOCIAIS
Ao abordar o tema 'comunicação', é quase inevitável evitar o
assunto do caos da informação. Já foi exaustivamente apontada e é amplamente
abordada e discutida a profusão de informação a que temos acesso atualmente,
alavancadas exponencialmente pelos meios digitais. Nesse contexto, termos como
“Amplificação do Awareness” são muito comuns – o alcance aos consumidores
aumenta, mas a atenção destes diminui. Poucas pessoas conseguem se lembrar de
uma campanha de televisão a qual assistiram nos últimos dias. Para que uma
marca tenha mais sucesso em ser lembrada por seu público-alvo, ela precisa
estar em todos os meios. Apesar de ser um assíduo consumidor das mídias tradicionais,
de estar sempre ligado as mídias, esses jovens entendem a internet como o 'pai
da comunicação' e a informação como fio condutor do processo comunicativo.
O aumento da velocidade na transmissão de dados nos últimos
tempos é impressionante: em 2001, era possível consumir 1 exabyte por ano; em
2013, consumimos 1 exabyte por dia. Pensando mais uma vez na atenção cada vez
mais dispersa, a frase que Thiago citou, de James Gleick, é bastante clara em
relação à conseqüência da difusão dos meios digitais: “Quando a informação é
barata, a atenção se torna cara”.
Thiago abordou também a temática das redes sociais, e mencionou
que o Orkut foi a porta de entrada para muitos brasileiros, que hoje superam os
americanos e os habitantes dos países do BRIC em uso de redes sociais. Os
relacionamentos são vitais para as mídias sociais. Cada participante possui em média
352 pessoas em suas redes, mas interage apenas com 31 delas. Quando as redes
sociais foram introduzidas no Brasil, o hábito era o de adicionar todas as
pessoas que aparecesse, até mesmo por não existirem premissas nem tampouco
experiência no meio digital. Hoje, os brasileiros têm se tornado mais seletivos
em suas redes sociais – seja em relação ao conteúdo que seus contatos postam,
seja em relação à interação com os contatos.
O palestrante falou brevemente sobre o comportamento dos jovens
nas redes sociais, evidenciados pelas fotos e também pelo que eles curtem ou
não. Thiago falou a respeito da inversão da sedução nas fotografias. Ou seja,
antigamente, as pessoas apareciam sérias nas fotografias, com ar de mistério ou
até mesmo de melancolia, e isto era bastante apreciado, era sedutor. Nas fotos
postadas hoje, só são vistos sorrisos e momentos felizes: ser feliz é sedutor
para os jovens de hoje, que têm sua liberdade de escolha, poder e que sentem
que a felicidade lhes é de direito. Da mesma forma, os jovens parecem
desapreciar, de maneira geral, as pessoas que reclamam da vida ou que apenas
comentam tudo com criticidade – a felicidade tem que imperar.
Por fim, Thiago apresentou uma adaptação da pirâmide de Maslow
para o contexto do meio digital que foi desenvolvida durante a pesquisa.
Portanto, pensando nesta analogia com exemplos práticos, da base para o topo,
estes seriam os níveis da pirâmide das necessidades:
1 – Necessidades
Fisiológicas: site
2 – Necessidade de
Segurança: blog
3 – Necessidades
Sociais: wikipedia
4 – Necessidade de
Status/Estima: redes sociais (facilmente
se atinge aspiracional)
Retomada a idéia do empoderamento deste jovem, a mensagem final
passada na palestra é que o mais importante, em suma, é compreender que as
mudanças de comportamento que estão ocorrendo são muito mais significativas que
as mudanças nas ferramentas em si.
“A revolução não acontece quando a sociedade adota novas
ferramentas. Acontece quando a sociedade adota novos comportamentos”
CONCLUSÃO
A
realização de pesquisas como essa é muito importante para a compreensão do
cenário midiático atual, para melhor compreender os consumidores e seu
comportamento e até mesmo a sociedade, de uma maneira geral. Da mesma maneira,
olhando para este retrato do presente, é possível que as empresas tenham um
ponto de partida para tentar planejar o futuro, adequando a sua comunicação e
interação à realidade.
As
ferramentas tendem a continuar sofrendo atualizações e as mudanças não
cessarão, acompanhar as mudanças de atitude do consumidor é essencial para
seguir como fluxo. Compreendendo que o jovem brasileiro está mais informado,
que tem poder de compra, que se importa com a experiência com a marca, que ele
é multicanal, que é extremamente conectado e que acredita na sua possibilidade
de escolhas, as empresas devem pensar a sua comunicação em cima disso, muitas
vezes. Também é mais fácil pensar na maneira de mensurar seu impacto, em quais
pontos de contato realmente são importantes ou não.
Além
do próprio bombardeio de informações, que já faz com que a atenção do
consumidor seja mais dispersa, o meio digital possibilita, com mais facilidade,
que o consumidor bloqueie a comunicação das marcas, que elas nem ao menos
cheguem até ele: fechando um anúncio pop-up ou perdendo e-mails marketing na
caixa de spam, é cada vez mais difícil conquistar a atenção desses jovens e,
portanto, informação de qualidade a respeito do consumidor é uma grande
riqueza.
Grupo 2 - CSOS6C
Ana Carolina Gambôa
Ana Luiza Vilela
Cibele Morais
Júlia Velo
Laisa Iasbech
Mônica Torres
Patrícia Silva
Rafaella Angelini
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