segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Nativos Digitais

Na última segunda feira, dia 26 de agosto, a ESPM recebeu a visita de Thiago Magalhães. Com 27 anos, Thiago começou sua trajetória profissional dentro do IBOPE quatro anos atrás, trabalhando com análise de redes sociais. Pouco tempo depois, migrou para a área de Learning Insights, que tira aprendizados de diversas pesquisas da empresa, cruzando informações para tentar prever tendências.

O IBOPE é a maior empresa de pesquisa privada da América Latina, que não trabalha somente com a geração de dados, mas também na promoção de informações e oferecimento de conhecimento estratégico para seus clientes. Além disso, o IBOPE possui outras frentes, como: serviços voltados ao desenvolvimento sustentável e projetos que atuam na área de educação corporativa.

Thiago Magalhães, em sua visita, além de elucidar rapidamente os alunos a respeito do trabalho que o IBOPE faz, veio falar sobre o jovem digital brasileiro, de 18 a 25 anos, que se caracteriza pelo fato de já ter feito a convergência de todas as mídias.



Os chamados “nativos digitais”, também conhecidos como geração Y, não conhecem o mundo sem a Internet. De forma crescente e exponencial, as novas gerações têm se apropriado do maior conglomerado de redes existente no mundo para difundir suas idéias, gostos, interesses e opiniões. Além disso, a Internet se tornou um meio de desenvolvimento identitário. O jovem constrói sua própria imagem por meio da descoberta do “eu-digital”, ou seja, seu comportamento passa por processos de resignificações por conta da era digital. Podemos dizer que, muito além de “parte” da vida do jovem, a Internet é também um ambiente no qual sua vida acontece.

Deixando de ser “paralela” à vida “real” do usuário, a Internet modifica no mundo offline a forma como o jovem interage nele e também na forma como o percebe. Abaixo, vamos observar algumas considerações relacionadas a mudanças evidentes no comportamento da geração da juventude contemporânea, que aconteceram em virtude dos efeitos da era digital:
1.       O “eu” coletivo e colaborativo
Embora nossa sociedade tenha se tornado mais individualista, o jovem nunca teve seu comportamento tão coletivo quanto agora. Conectado às suas esferas de relacionamento, as redes sociais funcionam como facilitadoras no processo comunicativo entre os indivíduos. O simples ato de apreciar uma saborosa sobremesa é exposto a centenas de “amigos” (palavra que também passou por uma intensa resignificação) num post autobiográfico. A vida passa de privada para pública em somente um clique. A Internet é um instrumento de aproximação, que dificulta que estejamos sozinhos em nossos cotidianos.
2.       Reinvenção do modelo midiático
A plataforma web permite que seus consumidores de conteúdo sejam também produtores, reinventando o modelo polarizado de emissor-receptor estudado nos primórdios da Teoria da Comunicação. Não podemos mais isolar o papel de cada um nas redes, pois somos, simultaneamente, ambos. Assim como dito por Paula Sibília, em “O Show do Eu”, nós, pessoas “comuns”, estamos transformando a era da informação. A autoria de assuntos relevantes não está mais monopolizada pelas mídias de massa (TV, jornal, revista). Qualquer pessoa pode produzir algo significativo.
3.       Democratização da informação
O jovem consome todo o volume de conteúdo de forma rápida e imediatista, principalmente por conta do rápido acesso que tem a qualquer tipo de informação. Podemos perceber um movimento de constante necessidade por se manter informado, atualizado sobre o que se passa nos macro e microambientes. O nativo digital não consegue lidar com a desinformação. Isso indica como o conhecimento, seja ele da natureza e grau de complexidade que for, vem passando por um processo de democratização. Todos podem acessar as informações desejadas quando e como quiserem.
4.       Consumo da informação
Atualmente, não se consome conteúdo da mesma forma passiva como anteriormente era feito. Na internet, todos os conteúdos disponíveis vêm passando pelo filtro social, que diz respeito à forma como é feita a seleção das informações. Quem escolhe o conteúdo que vai receber na internet é o usuário, ou seja, é a audiência assume o papel de “puxar” a informação que deseja saber, quebrando o padrão de formato unilateral de divulgar conteúdo.
5.       Juventude multifacetada, juventude multimidiática
Seguindo a análise de Jenkins sobre a Cultura da Convergência, conseguimos observar em nossa geração o reflexo de um comportamento midiático que se integra em diversos meios. Enquanto se recebe a mensagem por um meio específico, o indivíduo produz impressões e idéias sobre o mesmo em meios diversificados, simultaneamente. O nativo digital desenvolveu e vem perpetuando tal maneira de consumir conteúdo. Uma mensagem não assume mais um papel estático e sem interferências, como antes costumava assumir. Ao contrário disso, o conteúdo é dinâmico e cada vez mais interativo e coletivamente resignificado.

Dessa maneira, o mundo digital afeta diretamente todas as esferas da vida do jovem, mudando o seu relacionamento com o mundo e consigo mesmo, o que inclui a maneira como essa geração consome produtos e serviços.



Sendo assim, as marcas e empresas devem entender que a maneira com que os jovens se relacionam e constroem sua auto-imagem mudou profundamente, afetando maneira que eles consomem marcas/produtos/serviços. A atual geração de jovens tem fácil acesso a todo tipo de informação através da internet, são bem informados e possuem diversos meios e canais para realizarem suas compras, além disso, para eles a internet atua como facilitadora no processo de Decisão de Compra, auxiliando e tirando as dúvidas de um certo produto ou serviço e facilitando o processo de compra. Hoje eles não precisam – e não querem- mais sair de casa para comprar algo.

Dito isso, as empresas devem priorizar a criação de um relacionamento com os jovens, adaptando-se as novas realidades e estilo de vida e principalmente sendo presentes nos canais mais acessados por eles, como meio de garantir o seu lucro e a identificação dos jovens com a marca. Para isso, é imprescindível que elas entendam que, para esses jovens, o conceito de comunicação e informação não são os mesmos de 10 anos atrás e, certamente, não serão os mesmos no futuro.



Saiba mais sobre essa geração:
http://www.youtube.com/watch?v=CI56jZRMWUU
http://vimeo.com/16641689

Apoios bibliográficos:
Henri Jenkins, Cultura da convergência
Paula Sibília, Show do Eu
Alex Primo, O aspecto relacional das interações na web 2.0


CSO6A - Grupo 2
Caroline Ferraz
Érica Engelman
Gabriela Pereira
Isabela Taccolini
Renata Carignani
Vitória Zeponi



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